Em Feira de Santana, iniciou-se nesta terça-feia (08) e vai até a qunta-feira (10), a Terceira Etapa das oficinas de Base - Planejando ações para o desenvolvimento rural, sustentavél e solidário , com o objetivo de debater as principais demandas dos agricultores familiares da Chapada Diamantina e outras regiões. O evento reuniu sindicatos, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia - FETAG-BA, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e outras entidades do setor. O encontro em Feira de Santana ressaltou as necessidades urgentes da agricultura familiar, como o acesso a crédito, assistência técnica e infraestrutura. Os participantes esperam que as discussões resultem em ações concretas para melhorar a vida dos trabalhadores rurais no Brasil.
Vânia Marques, presidente Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG-BA e representando a cidade de Iraquara, município localizado na Chapada Diamantina, explicou que a principal missão do encontro é ouvir a base, os mercados e os dirigentes sindicais, a fim de entender as necessidades da agricultura familiar. "Estamos muito animados para compartilhar experiências e buscar soluções. O evento é uma oportunidade para fortalecer o setor e aprimorar as políticas públicas voltadas para a agricultura familiar", disse.
Para Vânia, a principal demanda do campo é a melhoria no acesso a políticas públicas, principalmente em relação a crédito, assistência técnica e apoio à comercialização dos produtos. "As políticas públicas ainda têm grande dificuldade em chegar às periferias e áreas rurais. As famílias enfrentam problemas com estradas e com a falta de serviços básicos", afirmou. Ela destacou também que, apesar da relevância da agricultura familiar para a economia do país, com 23% das terras no Brasil sendo ocupadas por essa categoria e responsável por 80% dos alimentos consumidos, o setor ainda recebe menos investimentos do que o agronegócio.
Desafios enfrentados pela Agricultura Familiar
Vânia chamou atenção para a falta de uma verdadeira reforma agrária no Brasil, afirmando que sem o acesso à terra, os agricultores familiares ficam sem condições de produzir e acessar políticas públicas. "A agricultura familiar emprega 63% da mão de obra rural e representa 23% do Produto Interno Bruto do Brasil, mas ainda assim, recebe muito menos investimento se comparado ao agronegócio", destacou.
A diferença entre os investimentos destinados à agricultura familiar e ao agronegócio também foi mencionada por Vânia. "Enquanto o agronegócio recebe valores muito maiores, a agricultura familiar recebe um valor ínfimo. Por exemplo, o investimento por hectare no agronegócio é muito superior, o que cria uma desigualdade evidente", completou.
Ela ainda ressaltou que 80% dos agricultores familiares não recebem assistência técnica, o que compromete ainda mais a produtividade e o desenvolvimento do setor. "Tivemos apenas R$ 307 milhões em investimentos para a agricultura familiar, um valor muito baixo se comparado à importância do setor para a economia brasileira", afirmou.
Rozete Evangelista, assessora Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia FETAG-BA, do Polo Wilson Furtado, reforçou a importância do evento para o fortalecimento da agricultura familiar. "Durante esses dias, vamos compartilhar experiências e buscar soluções para garantir a sustentabilidade financeira do setor", destacou.
Ela também falou sobre a atuação diferenciada de Feira de Santana, onde o sindicato local não está ligado diretamente à FETAG, mas realiza um trabalho paralelo, colaborando com os trabalhadores rurais.
Rosete anunciou que, além das discussões no evento, será realizada a mobilização do Grito da Terra, que tem como objetivo levar as pautas dos trabalhadores rurais aos governos municipal, estadual e federal. "A luta pela reforma agrária e o acesso a políticas públicas para o campo são essenciais", concluiu.
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