Sábado, 22 de Fevereiro de 2025
(75) 99168-0053
Artigo Artigo

Entre a cruz e a espada: Bolsonaro e a Lei de Gerson

Por Carlos Alberto, Professor, Radialista e Mestre de Cerimônias

21/02/2025 07h20 Atualizada há 15 horas
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Crédito: Carolina Antunes/PR
Crédito: Carolina Antunes/PR

A expressão "entre a cruz e a espada" geralmente é usada para fazer referência ao indivíduo que se encontra em meio a um grande dilema e necessita fazer uma escolha, que poderá desencadear grandes mudanças. Do outro lado, no Brasil, a chamada "Lei de Gerson", é uma expressão popular que se destacou ao longo dos anos, simbolizando uma atitude que desafia a ética e a moralidade, pilares fundamentais que norteiam o comportamento das pessoas em sociedade.

Neste escrito, o uso destas expressões refere-se ao que vive atualmente o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), que tem visto cada vez mais sua já tão manchada vida pública se afundar ainda mais na lama da história. Senão vejamos! Era 2018, ou um pouco antes, quando o então "capitão", ou melhor, político "carreirista", deputado federal - cargo que exerceu por 27 anos e viu aprovado apenas 2 projetos seus - se lançou candidato à presidência do Brasil. 

Naquela oportunidade, Jair Bolsonaro ao fazer campanha eleitoral pelo Brasil, prometia, entre outras coisas, que se eleito fosse "combateria a corrupção" e "jamais lotearia seu governo". Dizia ainda que “prenderia, se preciso fosse, corruptos” e “preencheria os cargos do governo somente pelo critério técnico”. Seja no primeiro ou no segundo caso - combater a corrupção e não lotear o governo -, dia a dia, o país e, principalmente os eleitores e eleitoras que acreditaram em tais promessas, constataram que tudo não passou de meros clichês, tantas foram as polêmicas/controvérsias/envolvimentos em casos de corrupção do (des)governo brasileiro entre os anos de 2019-2022. Sem falar nas demais promessas não cumpridas.

O tempo passou, Bolsonaro foi eleito em 2018 e durante todo o seu (des)governo esteve envolvido em escândalos criminosos. Superfaturamento de ônibus escolares e de tratores; interferência na Polícia Federal para proteger a si mesmo e a família; prevaricação durante a pandemia da Covid-19; propina com pastores na Educação; "bolsolão" do lixo; orçamento secreto; sigilo de 100 anos; caso das joias; inquérito das milícias digitais; fraude em cartão de vacinação [...] são alguns dos muitos casos de corrupção nos quais Bolsonaro e/ou seu (des)governo estiveram/estão envolvidos.

A Cruz

No que diz respeito ‘lotear o governo’, enquanto caminhava no Congresso Nacional o inquérito sobre a suposta interferência do governo na Polícia Federal, logo o então presidente da República, Jair Bolsonaro, procurou articular sua aproximação e passou a distribuir cargos importantíssimos com o Centrão. No cenário político brasileiro, o termo Centrão refere-se a um conjunto de partidos políticos que compuseram uma aliança informal durante a Assembleia Constituinte de 1987 com o objetivo de implementar no texto da Constituição as propostas ligadas ao então presidente da República, José Sarney (PMDB), e combater a linha política progressista defendida pelo Presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães (PMDB).

Em troca do apoio ao governo federal dentro do Legislativo e da contenção de um eventual pedido de impeachment, naquela oportunidade e durante o restante do seu (des)governo, Bolsonaro loteou o governo em inúmeros postos de liderança com este conjuntos de partidos políticos, o Centrão. Entre os partidos atendidos estavam o MDB, o PP, o PL, o Republicanos e o DEM. A Espada.

Conforme dizem, “o tempo é o Senhor da razão”. Assim, nesta terça-feira, 18, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e outras 33 pessoas, viram a Procuradoria-Geral da República, embasada em investigações da Polícia Federal e atendendo trâmite legal do STF, apresentar denúncia contra estas pessoas. Segundo a PGR, os denunciados estão envolvidos em crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. 

Ainda de acordo com a denúncia, caso sejam condenados, Bolsonaro e os demais acusados podem pegar até 34 anos de prisão. Diante disso, o meio bolsonarista, segundo dizem, está sofrendo do ato de ficar indeciso entre duas opções que, num primeiro momento, são concorrentes e não podem ser conciliadas, ou seja, os bolsonaristas veem duas saídas, ambas de difícil decisão, mas necessárias neste momento, apontam. 

A primeira seria o Bolsonaro “vitima, ganha mais ou ganha menos?” A segunda seria o Bolsonaro “herói, ganha mais ou ganha menos?” A ‘vítima’, seria o Bolsonaro encarar a denúncia de frente, correndo risco de preso; o ‘herói’, é o Bolsonaro fugindo, como fez no final do seu governo, quando sequer passou a faixa para o presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro fugindo para o exterior - pensam os bolsonaristas -, ‘continuaria lutando pelo Brasil do exterior’. Sobre a última ideia - fugir - resta saber se algum país aceitaria alguém como Jair Bolsonaro.

Ah, sobre a Lei de Gerson, foi uma expressão usada para se referir a um comercial de cigarros dos anos 70, na qual o jogador de futebol Gérson cunhava a frase “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?” Resta dizer que não é uma lei formal, mas sim uma expressão popular no Brasil que, como dito anteriormente, se refere à atitude de querer levar vantagem em tudo, sem se preocupar com questões éticas ou morais.

Em outras palavras, desde sempre, na sua vida pública, o “capitão” viveu como marginal, digo, à MARGEM das quatro linhas da Constituição ou de outras tantas normas brasileiras, o contrário do que sempre pregou. Mais uma vez, após ter (des)governado o Brasil - de 2019 a 2022 - sempre entre a Cruz e a Espada; para quem outrora dizia que ‘bandido bom era bandido morto’, que ‘não tinha medo da Lei da Ficha Lima’ e que agora quer acabar com esta Lei; agora, com a denúncia da PGR, o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), quiçá, queira fazer uso da única lei que respeita, a ‘Lei’ de Gerson. 

De maneira simples, minimamente falando, a pessoa que busca constantemente levar vantagem em tudo pode ser chamada de OPORTUNISTA.

Por Carlos Alberto, Professor, Radialista e Mestre de Cerimônias

1 comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Daniel Sales da ConceiçãoHá 19 horas Feira de Santana /BaJair Bolsonaro é, contudo, um exímio ptista! Não esconde isso quando poderia ganhar a última eleição para a Presidência da República do Brasil e no entanto, prefere acabrunhar-se de mazelas e maus-dizeres em público, frente aos seus interesses políticos por esta democracia.
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.