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A cobertura do Carnaval da Bahia está prestes a começar e, em 2025, a Sociedade News celebra os 40 anos do Axé Music com uma série de entrevistas especiais. O entrevistado desta terça-feira (11),é um dos grandes nomes desse movimento musical que revolucionou a cena do carnaval baiano, o cantor Ricardo Chaves, que em 1982, esteve à frente da banda Pinel, onde ele fez o seu primeiro Carnaval. Permaneceu na banda por cinco anos. Nessa mesma época, paralelamente, era o cantor da banda Cabo de Guerra, uma das mais importantes bandas de rock de Salvador. Em 1986 foi convidado pela gravadora RCA para gravar seu primeiro disco-solo e se arriscou em mais essa aventura, emplacando o sucesso Taba, de autoria de Carlinhos Cor das Águas e Renato Mattos. Um ano mais tarde puxou o Bloco Frenesi, já tendo contrato fechado com o bloco Eva para 1988, onde ficou até 1992.
No Carnaval de 1993 Ricardo comandou o Crocodilo para o qual compôs a música que é até hoje sua marca registrada: O Bicho. Foi no mesmo momento em que os carnavais fora de época se espalharam pelo Brasil e Ricardo passou a ser presença garantida em todos eles. Ficou no Crocodilo até 1995 quando saiu para um de seus maiores desafios. Ricardo arrendou por seis anos o Coruja, um dos mais tradicionais blocos do Carnaval de Salvador que passava por um momento muito difícil. Depois de recolocar o bloco como um dos mais disputados, em 2002, estourou com dois grandes sucessos, a inauguração do seu camarote e em seu retorno ao Bloco Crocodilo, dessa vez no circuito da Barra. No ano de 2003, mais uma grande surpresa para os foliões, além do camarote e do Bloco Crocodilo, Ricardo estreou o seu Trio Off Road, trio independente que também agitou o folião da pipoca no carnaval. Em 2008, Ricardo inovou e trouxe para o Carnaval de Salvador o bloco Bicho que desfilou no circuito Barra-Ondina até 2012. Proveniente do Carnatal, festa onde Ricardo Chaves é considerado rei, o bloco Bicho é o único do evento que mantém por 23 anos consecutivos o mesmo cantor no comando, tendência contrária ao que ocorre nos dias atuais onde as pessoas saem cada dia em um bloco e, no entender de Ricardo, não criam fidelidade nem integração folião/artista.
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Foi na década de 90 que o termo "Axé Music" ganhou popularidade, inicialmente de forma pejorativa, criado por um jornalista que depreciava o gênero. No entanto, os artistas abraçaram a expressão, transformando-a em um verdadeiro movimento cultural. O sucesso estrondoso de "Fricote", gravado por Luiz Caldas em 1986, marcou o início da expansão do ritmo, atraindo a atenção de gravadoras e consolidando o Axé no cenário musical brasileiro.
Durante a entrevista, Ricardo destacou que o crescimento do Axé foi um processo natural, impulsionado pelos encontros entre artistas nos estúdios da WR, de Wesley Rangel, onde novas ideias musicais eram compartilhadas e experimentadas. Esse ambiente de colaboração ajudou a definir o som que viria a dominar o carnaval baiano.
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Ao longo dos anos, Ricardo acumulou títulos e reconhecimento como um dos maiores puxadores de trio elétrico. Sobre a questão de quem seria o melhor, ele destaca que todos os artistas que marcaram época no carnaval são, de certa forma, os melhores, pois cada um tem um papel fundamental na história da festa.
Questionado sobre a mudança no cenário musical atual, Ricardo ressaltou que a dinâmica de consumo de música mudou drasticamente. Antes, as rádios tinham papel essencial na disseminação das canções, o que permitia que os sucessos permanecessem por mais tempo na memória do público. Hoje, as redes sociais e as plataformas digitais impuseram um ritmo acelerado à indústria fonográfica, dificultando a permanência de músicas no imaginário popular.
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Para o Carnaval 2025, Ricardo Chaves manterá sua tradição de aproximar-se do público por meio do "pranchão", um formato de trio elétrico que proporciona maior interação entre o artista e os foliões. Ele participará do furdunço em Salvador e fará apresentações no Circuito do Campo Grande na quinta-feira e na terça-feira de carnaval. Além disso, continuará levando o Axé Music para outros estados do Brasil.
Finalizando a entrevista, Ricardo lamentou a queda da força das micaretas, que antes eram essenciais para a difusão do Axé. Ele relembrou o papel histórico da Micareta de Feira de Santana, que serviu de inspiração para eventos semelhantes em diversos estados. Apesar das mudanças no cenário musical, ele segue defendendo o legado do Axé, levando sua energia e história para onde quer que a música o leve.
Com informaçõe: Luiz Santos
Por: Mayara Nailanne
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