Por Luiz Santos e Hely Beltrão
A pedagoga Girlene Gomes Barbosa, 35 anos, foi vítima de um golpe e perdeu mais de R$ 7 mil enquanto acompanhava o pai, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), gerido pela Santa Casa de Misericórdia em Feira de Santana. O golpe foi aplicado na terça (14), através de contato telefônico. Um homem se passou por médico infectologista da unidade e disse que o paciente precisava de exames urgentes, cujos custos não eram cobertos. Ele está hospitalizado desde novembro de 2024.
Ao Conectado News, a pedagoga detalhou toda a situação, afirmando que não era possível saber tratar-se de um golpe, uma vez que o criminoso mencionou todos os detalhes do prontuário médico do seu pai.
"Recebi uma ligação na manhã da terça (14) de um suposto médico infectologista, que se identificou como Dr. André Neves do Hospital Dom Pedro de Alcântara, em momento algum falei nada sobre o meu pai, já perguntou se eu era a responsável pelo paciente, falou o nome de meu pai, eu disse que sim, ele disse que precisava conversar comigo um assunto delicado e se eu podia e estava disponível. Respondi que sim, nisso, começou a relatar tudo a respeito do meu pai, o plano de saúde, o quadro clínico, sobre uma bactéria que ele adquiriu na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Dom Pedro em sua primeira entrada na unidade, meu pai continua com essa bactéria, ou seja, usou algumas informações específicas do prontuário do meu pai, não tinha como eu não acreditar que não fosse do hospital. Ele continuou falando que essa bactéria de meu pai tinha ido para o sangue e poderia causar uma infecção generalizada e causar óbito, porém, precisavam realizar um exame de urgência, e tinham consultado o plano de saúde do meu pai, mencionaram o nome do plano, disseram ter entrado em contato com o Planserv e que lhes foi informado que não tinha como disponibilizar a liberação desses exames no momento, por não ter credenciamento com o laboratório, porém, meu pai precisava fazer esse exame de urgência porque a bactéria já estava no sangue e poderia atingir outros órgãos".
Ainda segundo Girlene, além das informações do prontuário médico, o criminoso falava de modo calmo e demontrando conhecimento técnico.
"Informações técnicas, foi super calmo, me perguntou se eu era da área de saúde, se tinha alguma dúvida, se não estava entendendo. Ele não tinha pressa, foi bem detalhado nas coisas, eu perguntava, tirava dúvidas ainda cheguei a perguntar sobre o valor, onde ele disse: “a gente vai precisar fazer e o Planserv reembolsa”, perguntei se o hospital custaria esse valor e depois o plano de saúde reembolsam, onde ele me respondeu que não tinha como, que deveria ser custeado pelos familiares, perguntei também se poderia passar no cartão, no qual me respondeu que não, somente em dinheiro e que o laboratório também não recebia em cartão. Na hora pareceu ser muito real, não parece que está caindo em um golpe, porque você está mais preocupado com a saúde do seu familiar, do que com o golpe, pois são detalhes".
Quando descobriu que era golpe
"Fiz dois Pix, o primeiro no valor de R$ 4.890 reais referente aos exames que precisava fazer nas primeiras horas, depois, ele retornou e disse que meu pai precisava usar um medicamento, onde foi feito o segundo Pix no valor de R$ 2.860, dinheiro emprestado que obtive ao ligar para para uma pessoa conhecida. Pensei assim: é vida do meu pai, depois vejo como pagar. Após os pagamentos, ele me orientou a ir no horário de visita do HDPA 20 minutos antes, para conversar sobre o resultado do exame do meu pai e preenchimento do formulário de reembolso. Assim eu fiz, cheguei, no horário combinado na recepção, eu peguei o telefone, liguei, mas não consegui falar por ligação, quando abri o WhatsApp, vi que já estava sem foto, quando mandei uma mensagem e vi que não chegou foi que me dei conta de que tinha caído em um golpe. Falei com a recepcionista, mencionei o nome do médico e o valor do Pix que tinha feito, ela me disse que eu tinha caído em um golpe e que eu não era a primeira.
"Não fui a primeira a cair no golpe"
Quando citei o nome do médico, disseram não conhecer o profissional, no momento que eu fui, mais cinco famílias já tinham ido lá. Procurei a Caixa, instituição bancária onde fiz o Pix, fui em uma delegacia na terça, retornei, ao ser chamada pelo delegado e estou aguardando também a posição do hospital, ingressaremos também com uma ação no Ministério Público da Bahia (MPBA), juntando todas as provas, porque acreditamos que foi um vazamento de dados interno, não temos provas, deixaremos a polícia investigar", concluiu.
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