Por Hely Beltrão
Proibir ou não o uso do aparelho celular na sala de aula? Este é um tema polêmico que divide a opinião de educadores. Na Bahia, o tema já vem sendo discutido há algum tempo através de diversos projetos de lei na ALBA (Assembleia Legislativa da Bahia).
Na quarta (13), o deputado estadual Robinho (UB) protocolou um Projeto de Lei que trata da proibição do uso dos aparelhos celulares nas escolas estaduais, somando-se a este mais cinco projetos. Em 2009, o então deputado Misael Neto (a época DEM), apresentou a primeira proposta relacionada ao tema, que solicitava que os celulares fossem desligados durante as aulas, o projeto não prosperou e foi arquivado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 2011.
Em 2017, um projeto de lei do deputado Sildevan Nobréga (PSC), trazia regras sobre o uso de aparelhos celulares nas salas de aula e que fossem adotadas medidas de conscientização, que também não obteve êxito, sendo arquivado em abril de 2019. Em 2020, um projeto do deputado Angelo Almeida (PSB) sobre o mesmo tema foi arquivado em 2020.
Em 2024, três projetos de lei foram protocolados. O primeiro, de autoria de Roberto Carlos (PV), que atualmente encontra-se na CCJ, e o de autoria do deputado Jordávio Ramos (PSDB), que limita a proibição para alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental, ainda não tramitou entre as comissões e sua última movimentação foi o recebimento na Secretaria Geral da Mesa.
Em Feira de Santana, o tema divide opiniões dos educadores. O professor Claudenir Moreira Machado é contra a proibição, mas é a favor de um debate mais amplo sobre o assunto.
"É um tema bastante controverso para o momento, é necessário o debate, acredito que precisa de uma saída urgente, sou contra a proibição da forma como foi colocada, o que sabemos de acordo com pesquisas é que realmente o uso excessivo do celular e das mídias sociais tem impactos negativos em relação a aprendizagem do estudante, que fica comprometida, da questão cognitiva e emocional interfere sim negativamente na interação social, não só no ambiente escolar, mas também na família e sociedade em geral, transtornos como ansiedade e depressão. Quando se retira o celular do estudante, a depender das famílias que o permitem, percebe-se um efeito emocional e reativo, porque a questão já está bem avançada nesse sentido. Sou a favor de ampliar esse debate nas escolas com as famílias e buscar um termo mais eficaz, porque não acredito que a proibição somente no âmbito escolar consiga reverter esse quadro atual, pode minimizar, porque na questão da escola, temos dois pontos a observar: o primeiro, é a dificuldade que os professores encontram para desenvolver o seu repertório acadêmico junto com os estudantes para garantir uma aprendizagem mais eficaz, há dificuldades porque o estudante usa o celular e perde o foco nos debates e tarefas a serem desenvolvidas. No momento em que se proíbe ou limita, através da conscientização do estudante, a redução ocorre naquele momento para favorecer o ambiente educacional, mas não se resolve o problema, porque estamos falando de 6 horas nas escolas de turno parcial, nas outras 18 horas, muitos deles não chegam a dormir uma hora, e isso a lei não vai resolver".
A professora Graça Almeida é a favor da proibição.
"Sou a favor da proibição, pois tira a atenção dos alunos, que ficam acessando as redes sociais, conversando através do Whatsapp com colegas que estão dentro da mesma sala, ou fazendo bullying com outros colegas. Se fosse para usar da forma correta, ou seja, para o uso educacional, seria muito bom, porém, sabemos que isso não acontece".
A professora Marly Caldas é favor da proibição, pois entende que o celular prejudica não só a aprendizagem, mas as interações humanas.
"Como professora e mãe, concordo com o projeto de lei que restringe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos em sala de aula. Sabe que existem estudos, inclusive um relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) de 2023, comprovando que o uso desses aparelhos em sala de aula prejudica o aprendizado, pois reduz a atenção dos estudantes, sem o celular, os estudantes podem se concentrar mais nas aulas e participar mais efetivamente das atividades escolares, tendo um rendimento muito maior. Sem o dispositivo móvel percebe-se que os estudantes voltam a se comunicar entre si durante os intervalos, havendo mais socialização, desenvolvimento sócio-cognitivo e emocional maior, algo fundamental para a aprendizagem, isso não ocorre quando crianças e adolescentes ficam envolvidos com no mundo virtual, recebendo muitas vezes, conteúdos que prejudicam sua formação. Quem é professor sabe como é difícil atualmente competir com celulares e outros aparelhos eletrônicos", concluiu.
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