Por Luiz Santos e Hely Beltrão
O governo da Bahia firmou um convênio com o governo federal através da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) no valor de R$ 2,6 milhões de reais com a finalidade de potencializar a cadeia produtiva do agave na região sisaleira do estado, visando o aproveitamento da biomassa da planta para a produção de biocombustível.
Em entrevista ao Programa Levante a Voz da Rádio Sociedade News FM de sábado (24), o porta voz da Agência, Marcelo Gavião, deu mais detalhes a respeito do projeto e de suas pontecialidades.
"A ABDI fechou um convênio com o estado da Bahia para desenvolver o programa chamado Replanta Agave, que tem como base um estudo desenvolvido pela UNICAMP (Universidade de Campinas) em parceria com a UFRB (Universidade Federal do Recôncavo) que tem como objetivo potencializar o beneficiamento do Agave, essa planta que algumas pessoas conhecem como palma e que hoje serve para extrair a fibra do sisal, com uma série de dificuldades que hoje põe em risco uma parcela significativa dos trabalhadores da região. A universidade descobriu que a planta atualmente é aproveitada apenas em 4%, o estudo apontou que é possível extrair outros derivados elevando o seu aproveitamento para 95%, dentro desses derivados, destaca-se a possibilidade da produção de Etanol, o mundo todo está falando sobre transição energética, por isso, o governo federal, está muito preocupado que o Brasil aproveite essas oportunidades. Nosso país que tem um sol abundante, vento para produção de energia eólica, o Brasil que possui uma quantidade muito grande de biomassa, precisa aproveitar e transformar isso em combustível renovável e fazer isso de maneira que fortaleça os territórios e regiões mais pobres. É uma região com 20 cidades, e montamos a partir desse estudo, um convênio com o estado da Bahia para trabalhar a ampliação da produção. O estudo prova que por hectare é possível produzir mais etanol do que se produz atualmente na principal região do estado de São Paulo, que lidera a produção de etanol no país. Conseguimos produzir etanol de primeira e segunda geração, biometano, hidrogênio verde, bio pesticida e herbicida e componentes que substituem o plástico derivado do petróleo, além de reaproveitar a água, é um projeto com uma capacidade transformadora, com o governo da Bahia trabalharemos no que chamamos de segunda etapa, a primeira foi desenvolvida pelas universidades, outras etapas que envolveram o Senai Cimatec. O Estudo que foi coordenado pelo professor Gonçalo da Unicamp, comprovou que ela tem facilidade de crescer na região mais seca, pois, demanda pouca água. A nossa missão agora com o estado da Bahia, é fazer um levantamento de todos os pequenos e médios produtores rurais, apresentar para eles esse projeto, ver quais deles topariam participar de um sistema cooperativado para a produção do agave, das 20 cidades, qual o potencial de escala de produção do etanol, sem seguida faríamos uma capacitação técnica e profissional para esses produtores, por que o agave para a produção dos materiais que estamos sugerindo, é de uma espécie específica, o modo de plantio é diferente. Uma das coisas que esse projeto vai fazer, é mexer na cultura de manuseio da planta, por que diferente da extração apenas da fibra, não se faz apenas a colheita manual e das folhas, o projeto orienta o plantio com distância de uma para outra, para garantir que toda a colheita seja feita por máquinas, com a planta inteira, que é levado para fazer o processamento e beneficiamento, nesta primeira etapa, serão 400 pessoas beneficiadas com a qualificação profissional. Teremos também nesta etapa, a entrega de equipamentos, por que sabemos da condição difícil das famílias da região, por isso, o programa estará ofertando 7 tratores de 150 cavalos, cabinado para o beneficiamento das famílias que toparem participar do sistema cooperativado de todos os itens já mencionados, em especial o etanol.
Previsão
"A Secretaria do Trabalho do Estado da Bahia, que fez a parceria com a ABDI, já lançou semana passada o edital para contratação da empresa que fará a operação de todo o sistema, o prazo para finalizar esta etapa é de 18 meses, é algo que trabalhamos para entregar em um tempo menor. Depois disso, começaremos a tratar um levantamento de empresas para investimentos na região a fim de receber essa matéria prima para a produção dos itens. Atualmente o agave para que ele possa se desenvolver plenamente leva 5 anos, os estudos comprovaram que a planta se beneficia do clima seco, mas, em um sistema com um mínimo de irrigação, conseguimos diminuir o tempo de maturação da planta para 2 e meio a 3 anos".
Capacitação dos Produtores
"Queremos atingir o nível de produção de etanol da região mais importante de São Paulo, que trabalha com a cana de açúcar, sem repetir os erros cometidos, porque se você tem uma terra que não vale nada, ninguém investe, se a propriedade tem um valor agregado, o grande vem comprar a terra do pequeno para fazer a produção. Porque o nosso projeto começa fazendo um mapeamento dos pequenos produtores rurais? Por que o nosso propósito é desenvolver com o pequeno produtor, que será remunerado pela produção que ele tiver através de um sistema em que todos vão ganhar na região, não beneficiando apenas as pessoas que compraram a terra e se torna dona de uma parcela significativa do que está sendo produzido, é uma preocupação, pois, quando falamos assim, transição energética, fazer com que o Brasil seja líder global nesse processo de produção, geração e distribuição de combustíveis renováveis, precisamos agregar também, o cuidado social, compartilho da opinião que pouco vale um país muito rico com uma população que se beneficia dessa riqueza, queremos que o pequeno produtor, se beneficie dessa possibilidade, conheço essa região, que é muito pobre, sei da importância de um projeto como esse para o desenvolvimento regional, não é uma tarefa fácil do jeito como estamos propondo, mas é uma missão perseguida por mim e pelo governo federal, encontramos no governo da Bahia essa preocupação, de fazer bem feito para beneficiar os produtores rurais que tem muita dificuldade em sobreviver naquela região".
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