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Feira de Santana Educação

"Meu filho foi chamado de vagabundo e marginal, por isso vou até o fim", diz pai de aluno agredido por diretora de unidade escolar em Feira

Feira de Santana

23/08/2024 11h05 Atualizada há 2 semanas
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Instagram Jerônimo Rodrigues
Instagram Jerônimo Rodrigues

Na segunda (19), publicamos a denúncia da mãe Jandira Carla, após ela postar um desabafo nas redes sociais ao relatar que seu filho com TEA (Transtorno do Espectro Austista) e diagnóstico de seletividade alimentar, que estuda no Instituto de Educação em Tempo Integral Gastão Guimarães, ter sido impedido pela diretora Alfreda Xavier, de consumir alimentos de casa, fazendo com que o estudante permanecesse com fome durante todo o período em que ele estava na instituição, uma vez que não consegue consumir o alimento oferecido pela unidade escolar.

Após denúncia publicada primeiramente no Conectado News, posteriormente por outros veículos de comunicação e também de uma manifestação de alunos em frente a Instituição, ocorrida na tarde de quinta (22), a diretora da unidade de ensino foi afastada do cargo. Porém, os problemas tem raízes muito mais profundas.

Motivadas pela denúncia da mãe Jandira Carla, outros pais procuraram a nossa redação para relatar outros casos de abuso e agressão cometidos pela diretora da instituição, que segundo eles, o número é muito maior. Neviton Casaes, relatou ao Conectado News que seu filho foi agredido e passou a ser perseguido por conta do seu desejo de reabrir o grêmio estudantil. O pai relata ainda, que houve dois casos de agressão, um dentro da sala da diretora, onde não há câmeras e outro frente a inúmeras pessoas em uma reunião de pais e mestres, onde sua esposa foi agredida ao tentar defender o filho. Ainda segundo ele, os casos aconteceram em março.

"Meu filho estudou durante um ano no Gastão Guimarães e pediu a transferência para o Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, a própria Alfreda ligou para ele e pediu para que ele retornasse ao Gastão. Assim ele fez. Ao retornar à unidade escolar, sua primeira exigência, junto com outros jovens, era reabrir o grêmio estudantil, e assim, ela passou a perseguir estes adolescentes. Levou meu filho para a sua sala, o acusou de diversas coisas, que tinha recebido a informação de que meu filho estava com uma faca de plástico no banheiro e o ameaçou de expulsão. meu filho disse que iria ligar para um advogado e ela teria que explicar o motivo da expulsão, foi porque eu pedi para reabrir o grêmio? Ela pôs o cotovelo na garganta dele, tomou o celular e disse que ele não entraria mais na escola. No dia seguinte, ele retornou acompanhado de minha esposa, dentro do auditório os alunos desmentiram a diretora, meu filho também confirmou que ela estava mentindo, Alfreda bateu na mesa e foi em cima do meu filho, nesse momento, minha esposa a impediu de agredir o meu filho, tudo isso em um auditório cheio. A diretora abriu um Boletim de Ocorrência contra minha esposa, me impediu, também a Polícia Militar, e os advogados, de entrarem no local da reunião. No dia que estive lá, várias mães relataram no conselho que estavam tirando as crianças por conta das agressões cometidas por ela, meu filho teve de fazer tratamento com o psicólogo por causa dela. Meu filho estuda no Colégio Modelo, recebeu o selo de aluno excelente, é um menino que nunca perdeu um ano ou se envolveu em confusão, é evangélico, vou até o fim, pois ela chamou o meu filho de marginal e vagabundo, se ela está formando um adolescente, ele não pode ser tratado desta forma", disse. 

Neviton também publicou vídeos nas redes sociais para expor o caso. Veja abaixo.

Leia na íntegra aqui os Boletins de Ocorrência abertos no caso.

Ludmila Daltro, que também é mãe de um filho com TEA, relata que precisou de um documento da escola para conseguir o custeio do tratamento do filho pelo plano de saúde, mas foi negado pela diretora.

"Meu filho é autista também e como todos esses relatos que estão surgindo, tive algumas dificuldades em dialogar com a gestão, sabemos que para a educação inclusiva acontecer de forma efetiva, precisa de empatia, sensibilidade e conhecimento de causa, essa pessoa não tem habilidade nem conhecimento para estar à frente de uma unidade escolar que precisa tanto respeitar essa demandas na cidade. O que vejo lá são absurdos, PCD 's (Pessoas com Deficiência) sendo completamente destratados, as famílias não têm voz e as coisas acontecendo de forma arbitrária, foi preciso um estopim para os casos virem à tona.  Mês passado precisei de um documento, pois meu filho estava desregulando muito (a desregulação é desencadeada por alterações sensoriais, podemos concluir que o indivíduo não capta os estímulos do ambiente da mesma forma que uma pessoa neurotípica. Ou seja, os sons ou luzes ao seu redor podem ser percebidos com mais ou menos intensidade, causando irritabilidade) em um determinado período e por isso se ausentando bastante da escola.  Apenas queria um documento que atestasse as faltas dele na escola para dar entrada no plano de saúde e ter cobertas as terapias necessárias para se regular. A diretora simplesmente negou a assinatura desse documento, foi o primeiro caso em que me fui ao NTE (Núcleo Territorial de Educação) e fiquei de retornar para registrar na Ouvidoria o que foi feito. Esse é um dos casos dentro de tantos outros que ficamos sabendo, histórias absurdas, pessoas acuadas, com medo de falar e se identificar, por conta da pressão psicológica, do autoritarismo, coisas que em pleno século XXI são inadmissíveis. Ouvi da diretora a mesma coisa que a Jandira Carla, que era melhor procurar uma escola particular, a ideia de que o ensino público não atende as ideias da inclusão tem que ser cada vez mais quebradas, pois é lá que devemos brigar por uma educação de qualidade, não delegar isso a instituições de ensino privadas, a nossa luta é que para aquele espaço se modifique e se crie condições para crianças e adolescentes possam se desenvolver de forma digna".

Eloisa dos Anjos, é mãe do amigo do filho de Neviton, que presenciou toda a situação, relatou, de forma emocionada, que jamais pensou que seu filho passaria por uma situação como essa e pede justiça.

"Foi uma situação muito constrangedora e vexatória para os nossos filhos, pois não esperamos que eles passem por isso em uma escola, onde deveriam ser cuidados e protegidos, não sofrer humilhações. Ela chamou nossos filhos de marginais, com a Edlucia (esposa de Neviton) foi uma situação pior, pois ela tentou agredir o menino para tomar o celular, foi algo lamentável, ele ficou em estado de choque, o meu filho reagiu melhor, porque sofreu agressão enquanto criança, inclusive não deu em nada, ele passou por problemas psicológicos, mas tudo foi resolvido, porém, depois de tudo, isso acontece de novo na escola, não sei o que a motivou a fazer isso, provavelmente já tem costume, agindo como mãe ficamos sem saber o que fazer. Ela expulsou o meu filho e o da Edlucia e por isso fui lá tirar satisfações, perguntei porque ela fez isso com o meu filho e o seu colega, mas na frente dos policiais ela teve a audácia de negar tudo. Em uma reunião ela dizia que a escola era da comunidade, mas não é bem assim, lá, pai e mãe não tem voz. É uma unidade escolar onde os nossos filhos ficam “ao Deus dará”, pois ela é a primeira a insultar os alunos. Acionei um advogado, comuniquei a situação, ele me orientou a abrir um Boletim de Ocorrência e que não era para retirar meu filho, pois ela não tinha essa autoridade, ainda mais por um motivo banal, baseado em fofoca de alunas, ao invés de chamar os nossos filhos e os pais para conversar, levou os adolescentes para a sala dela e fez o que fez. Chamou nossos filhos de marginais, meu filho é mais moreno que o filho da Edlucia. Tive outros filhos que estudaram lá, assim que tirei do colégio particular, o mais velho e o do meio, mas não aconteceu nenhum incidente. Após dar queixa na delegacia, uma mãe, uma senhora de idade, veio até mim desesperada e disse: “vou te pedir encarecidamente, tire o seu filho dessa escola, pelo bem dele. Meu filho estudou nessa escola, hoje é médico, mas foi perseguido por essa mulher, fez da vida dele um inferno. Tire ele dessa escola, pois ela vai persegui-lo o ano inteiro e incentivar outros a bater nele”. Em um primeiro momento não acreditei, mas ela continuou: “Não é a primeira vez que isso acontece, essa mulher torna a vida de todos um inferno”. Ela me contou que vendia lanches em frente a escola, e que a diretora fez o maior inferno para tirar essa mulher de lá e que quase todo dia uma mãe saía chorando da escola. Retirei meu filho de lá para evitar confusão. Ela prestou uma queixa contra mim e a mãe do outro adolescente, como se tivéssemos a agredido e humilhado. Conversamos com o agente e dissemos que em nenhum momento a tratamos mal, só questionei o motivo das agressões contra o meu filho. Mas ficou por isso mesmo. Levei meu filho ao CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), escuta com psicóloga. Espero que ela pague por tudo na Justiça, pois não é a primeira vez que ela faz isso".

A assessoria da diretora Alfreda Xavier informou que ela se manifestará em tempo oportuno.

2 comentários
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José Carlos SilvaHá 3 semanas Feira de SantanaOs padrinhos da Diretora Alfreda, Vereador Ivamberg, Deputado José Neto e o Governador Jeronimo também tem responsabilidade, pois é o sentimento da proteção política que a faz pensar que está a cima de todos e da Lei.
EDYLUCIA LIEGE Souza Vicente RiosHá 3 semanas Feira de SantanaPois é ela agrediu meu filho e ainda chamou meu filho de marginal e no dia da reunião tentou novamente agredir meu filho na minha frente,aí foi na hora que eu impedir a diretora de agredir meu filho, todos os transtorno psicológicos que ela causou com meu filho eu entreguei nas mãos de Deus pq servimos a um Deus justo e fiel ,pq isso aconteceu no mês de março e até hoje as autoridades não fez nada,temos tudo documentado ,a ocorrência do complexo, concelho tutelar até o relatório da psiquiatra
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