Que o mundo inteiro acompanha com atenção o atentado ocorrido no último sábado, 13, durante um comício político em que o ex-presidente e agora candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos) participava e foi vítima, isso é fato. Daí, o atentado, considerado como tentativa de assassinado pelo Federal Bureau of Investigation, ou simplemente FBI, ser usado pela Direita, sobretudo brasileira, como perseguição, é por demais exagero. Senão vejamos.
O ATAQUE
Segundo o noticiário internacional, o ataque ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de 78 anos, aconteceu durante um discurso em um comício na Pensilvânia. De acordo com as Forças Policiais americanas, o atirador era o jovem Thomas Matthew Crooks de 20 anos, e estava prestes a atingir um marco político: a primeira eleição presidencial em que tinha idade suficiente para votar.
Crooks, segundo O FBI “agiu sozinho”. Para a imprensa americana, e de acordo com registro de eleitores daquele país, o atirador “era filiado ao Partido Republicano”, de Trump. O atirador foi morto pelo Serviço Secreto dos EUA. Além de Crooks, um espectador também morreu no tiroteio e dois outros ficaram gravemente feridos.
PRONUNCIAMENTOS PELO MUNDO
O protocolo diplomático, segundo publicação de Jamil Chade (UOL) com adaptações, estabelece que, em um atentado contra uma figura política, as mensagens do exterior se limitem a condenar a violência e mostrar solidariedade à vítima. Diante do atentado a Trump autoridades mundiais assim agiram. Exceto em alguns casos, a saber: o presidente da Rússia, Vladimir Putin; o presidente da Argentina, Javier Milei; e o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Sobre isso falaremos mais à frente.
Após o atentado e fora de perigo, o próprio Donald Trump se pronunciou e, além de dizer que estava bem e agradecer ao FBI pela rápida ação, mandou "condolências para a família da pessoa que foi morta no comício e também à família das outras pessoas que ficaram gravemente feridas".
Segundo noticiado, o presidente dos EUA e candidato à reeleição pelo Partido Democrata, Joe Biden, disse, em documento divulgado pela Casa Branca, que está "grato em saber que ele está seguro e bem". "Estou rezando por ele e sua família e por todos aqueles que estiveram presentes no comício, enquanto aguardamos mais informações. Jill e eu estamos gratos ao Serviço Secreto por tê-lo colocado em segurança. Não há lugar para esse tipo de violência na América. Devemos nos unir como uma nação para condená-la", disse Biden.
O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, se manifestou através do X (antigo Twuitter) e disse que "não há absolutamente nenhum lugar para a violência política na nossa democracia" e que está aliviado pelo fato de Trump não ter sido gravemente ferido. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, postou que ele e a esposa ficaram "chocados com o aparente ataque ao presidente Trump" e que rezam "por sua segurança e rápida recuperação".
O governador da Pensilvânia (local do atentado), Josh Shapiro, disse nas redes sociais que "violência direcionada a qualquer partido político ou líder político é absolutamente inaceitável". O mesmo foi dito pelo senador americano Bernie Sanders, que escreveu: "Desejo a Donald Trump, e a qualquer outra pessoa que possa ter sido ferida, uma rápida recuperação".
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "o atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política. O que vimos hoje é inaceitável," afirmou Lula.
FORA DO PROTOCOLO
Logo após o tiro que, acertou a orelha direita de Trump, rapidamente as equipes de segurança e policiais locais intervieram, marcando um dos momentos mais tensos da política americana recente. Paralelo ao noticiário começou a circular nos meios de comunicação, nas redes sociais... sem nenhuma investigação mais apurada, especulações e pronunciamentos, alguns sem qualquer nexo da realidade, fora do potocolo e como se fora ‘perseguição sofrida pela Direita’.
Na Rússia, a porta-voz do governo de Vladimir Putin pediu aos Estados Unidos que "façam um balanço" de suas "políticas de incitação ao ódio". Moscou ainda usou a tentativa de assassinato para denunciar o apoio americano à Ucrânia. "Talvez fosse melhor usar esse dinheiro para financiar a polícia americana e outros serviços que supostamente garantem a lei e a ordem nos Estados Unidos?", espetou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
Aliado de Trump, o presidente da Argentina não deixou por menos e se manifestou dizendo "Todo o meu apoio e solidariedade ao presidente e candidato Donald Trump, vítima de uma tentativa covarde de assassinato que colocou em risco a sua vida e a de centenas de pessoas". O hóspede da Casa Rosada, Javir Milei, foi mais adiante e largou ‘o barro’ ao dizer "O desespero da esquerda internacional não é surpreendente, pois hoje vê a sua ideologia nociva expirar e está disposta a desestabilizar as democracias e a promover a violência para chegar ao poder", disse.
Quebrando literalmente o protocolo, Milei foi ainda mais longe e, numa tentativa de atribuir o atentado à Esquerda, sentenciou: "Com medo de perder nas urnas, recorrem ao terrorismo para impor a sua agenda retrógrada e autoritária. Espero a rápida recuperação do presidente Trump e que as eleições nos Estados Unidos sejam realizadas de forma justa, pacífica e democrática", completou.
Identificando-se como de Direita e admirador de Trump, Jair Bolsonaro também se pronunciou sobre o atentado. Bolsonaro escreveu: "Nossa solidariedade ao maior líder mundial do momento. Esperamos sua pronta recuperação. Nos veremos na posse." Além de não ser o Trump ainda eleito para um segundo mandato, nunca é demais lembrar que as eleições nos EUA ainda irão acontecer em 5 de novembro vindouro.
DISCURSO(S) SEM NEXO
Segundo cientistas políticos do Brasil, “aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro devem usar o caso do atentado a Trump para relembrar o episódio da facada em Juiz de Fora, em 2018”. Além de “reverberar a fala de trumpistas que culpam a ‘demonização’ de Trump no discurso adversário como causadora da violência”.
Ainda na Terra Brasilis, da política moderna e do uso das Fake News, circula vídeo gravado com o lema "Deus, pátria e família". No primeiro trecho do vídeo, com dublagem em português, o republicano afirma: "Bolsonaro, meu amigo, tentaram fazer comigo a mesma coisa que fizeram contigo. Eles estão por toda parte, mas isso não vai ficar assim. O comício estava em pleno andamento quando senti a dor aguda e, em seguida, vi o sangue na minha orelha. Fui atingido por um disparo ou pedras". As palavras em aspas teriam sido pronunciadas por Donald Trump, como se comparando o atentado sofrido por este ao ocorrido com Bolsonaro, em 2018. Só mais uma Fake News, segundo sites de busca.
Em outro vídeo que circula nas redes sociais, o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, chega a questionar uma possível entrevistadora: “Você sabe que somente a Direta tem sofrido atentados no mundo, né?” Esse, quiçá, é o discurso usado para tentar justificar uma inverdade mundial, se considerados somente os atentados ocorridos nos EUA.
Sem citar outros exemplos de atentados com ex-presidentes, candidatos a presidente ou outras autoridades internacionais, a exemplo do ocorrido com Fernando Villavicencio (considerado de Centro) candidato à presidência do Equador morto em 2023; do atentado contra Cristina Kirchner (de Esquerda), na Argentina em setembro de 2022, é possível afirmar que a história do país de Trump tem mostrado que mais esse atentado por lá só reforça o histórico de violência contra presidentes e ex-presidentes daquelas terras.
Matéria publicada no site poder360 no último domingo, 14, mostra que se considerado somente de Abraham Lincoln (1861) a Donald Trump (2024) os registros mostram ao menos 16 situações em que chefes de Estado e candidatos à Casa Branca sofreram ataques, com cinco deles chegando a óbito. Do total de políticos que sofreram tentativas ou mesmo foram assassinados, 7 eram do Partido Democrata. Os demais eram Republicanos ou Progressistas. Direita?
Para não finalizar, data vênia, guardadas as devidas proporções e sem querer fazer analogia entre o fato ocorrido com Trump e o acontecido com Bolsonaro, em 2018 no Brasil, deixo o questionamento a seguir. Diante de algumas evidências - por aqui (no Brasil) a PF quer usar o episódio/programa da Abin Paralela para investigar o caso Adélio-Bolsonaro; por lá (nos EUA), após a queda de soldado que dizem “estava no prédio e viu o atirador”, além deste (o atirador) ser do mesmo partido de Trump; e mais, considerando que, após o atentado, a cada três pessoas entrevistadas entre os Democratas uma acha que foi um ato montado, há que perguntar: será que estamos diante de cenários de atentados-fakes? Com a palavra os órgãos de inteligência e investigação (tanto de lá quanto de cá). Um dia a história mostrará?
Por Carlos Alberto - professor e radialista
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