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Tempo excessivo nas redes sociais pode comprometer o desenvolvimento de crianças e adolescentes, alerta especialista

Psicóloga Érica Cardoso

20/06/2024 09h59 Atualizada há 3 meses
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Uma pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, em um estudo realizado com crianças e adolescentes sobre o acesso e uso da rede, apontou um crescimento significativo na proporção de usuários da rede na faixa de 9 e 10 anos. De 79% em 2019, houve um aumento de quase 15 pontos percentuais, chegando a 92% em 2021. Os números foram divulgados no ano passado, mas os dados têm chamado a atenção de especialistas que alertam para o impacto da utilização excessiva das telas no desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Aos ouvintes do Programa Levante a Voz e leitores do site Conectado News, a Psicóloga Clínica da abordagem Cognitiva Comportamental, Érica Cardoso, disse ver esse aumento com bastante preocupação.

“A ciência atualmente em todo mundo está preocupada com o impacto negativo que o uso exagerado das redes sociais tem causado, sobretudo aos nossos jovens. Pesquisas realizadas mundo afora trazem dados que revelam uma queda significativa na saúde mental das nossas crianças e adolescentes, fazendo a correlação entre o aumento do uso de celulares e aplicativos e taxas crescentes de depressão, ansiedade, sentimentos de solidão e inadequação. As pesquisas mostram que quanto maior o uso maiores os danos". 

"Fomos feitos para nos relacionar"

"Uma pesquisa realizada em Nova York pelo psicólogo Jonathan Haidt, profissional conhecido acerca desta temática, mostrou os efeitos nocivos das redes sociais entre os adolescentes, destacando que as redes sociais têm intensificado o sentimento de comparação social e a ideia de inadequação vivenciados por estes adolescentes. O contraste entre a vida comum e a exuberância da vida e irreal que é postada nas redes, isso sem falar nos problemas com habilidades sociais e relações interpessoais, a falta de interação entre as pessoas, não fomos feitos para isso, somos seres relacionais, precisamos nos relacionar uns com os outros e isso tem trazido consequências graves para a saúde mental". 

A fuga do mundo real

"As pessoas têm passado cada vez mais tempo no mundo virtual, aquele perfeito, interessante, cheio de filtros, que você fica ali por horas vislumbrando coisas que nem sabemos se é real. O mundo fora das telas, nem sempre é realidade desejada, é o mundo onde aquela criança ou adolescente olha e diz: “gosto da minha casa, do meu pai, da minha mãe”, isso tem contribuído para o aumento da dependência das telas, porque ele está inserido em um mundo que ele não vivencia, mas, que seria o seu desejo de estar".

O perigo do uso excessivo das redes para crianças e adolecentes

"A coisa fica mais grave quando falamos sobre crianças e adolescentes, porque se o adulto está difícil de controlar, imagine quem está ainda neurologicamente em desenvolvimento, o cérebro deles são mais sensíveis. Algumas pesquisas também mostram que curtidas e comentários positivos atuam em partes do nosso cérebro que geram efeito prazeroso, ou seja, ativa o sistema de recompensa fazendo com que o cérebro libere dopamina, o mesmo que acontece com o uso de drogas, porém, de uma maneira menos intensa. Por conta dessa sensação de prazer, de receber as curtidas e comentários positivos nas redes sociais, essa ação acaba se tornando facilmente um vício, é por isso que as pessoas estão cada vez mais se expondo sem limite e sem pensar nos riscos, passando muito mais tempo diante do celular". 

Nomofobia

"Justamente pensando nisso, que algumas escolas estão proibindo o uso de celular em sala de aula, porque tem sido difícil para os professores ensinar e a concentração dos alunos e fazer com que os alunos aprendam alguma coisa, porque a falta de concentração e produtividade é muito grande, nossos professores estão sofrendo com isso todos os dias. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está para classificar como uma patologia mental a Nomofobia, que nada mais é do que pessoas que tem medo e sentem angústia pela ausência do celular ou sentem o medo irreal de bateria fraca ou da falta de conexão com a internet que fará com que ela fique sem acessar as redes. Esses fatores estão associados diretamente a depressão, sentimentos de tristeza, falta de sono, ansiedade, estresse, somente de imaginar em ficar sem o celular, as pessoas estão perdendo o seu controle emocional, de tão dependentes que estão ficando". 

Reportagem: Hely Beltrão

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