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Conheça a história da banda Sport Press e o trio Maria Fumaça, que marcaram época na Micareta de Feira de Santana

Micareta 2024

21/04/2024 17h06
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Neste domingo (21) último dia de Micareta, o Conectado News traz uma reportagem especial com Agnaldo Brandão, criador da banda Sport Press e Trio Maria Fumaça, que marcou época na Micareta de Feira e com certeza deixou muitas saudades. Agnaldo conta como tudo aconteceu, desde a criação da banda, aquisição do trio, escolha dos músicos  e muito mais.

"Em 1972, fui convidado para participar da banda Os Imortais, fiquei um tempo, depois a banda parou, me chamaram para montar outra banda, a Aquarius, onde passei uns 3 anos, em 1978, montei a Sport Press, eu e mais cinco pessoas, saímos da outra banda, montamos a nossa, nisso os outros foram saindo e eu fiquei, comecei do nada e graças a Deus, cheguei a um trio".

Primeiro surgiu a banda, depois o trio

"Na realidade comecei na Micareta com o bloco Uca, cinco vezes campeão da Micareta, aos domingo, colocavam uma prancha com a propaganda de uma Cervejaria, armava a banda e tocava  em frente a sede, nisso, veio a ideia, o cara me convidou para fazer um carnaval em 1985, gostei de ficar em cima do trio, antes nunca tinha me apresentado em um, antigamente todo mundo tinha seu trio e sua banda, hoje o cara tem um trio e a banda opcional. Me ofereceram um carroceria de trio, fui lá e comprei, reformei e montei, meu primeiro carnaval foi exatamente no ano seguinte e no mesmo lugar onde me apresentei no trio de outra pessoa, fui lá e vendi, gostaram da banda, foi fácil vender o Carnaval em Tucano/BA, meu primeiro carnaval com trio, que se chamava Beijo na Boca. Nesse meio tempo, aconteceu uma desavença entre eu e outro sócio e tivemos que dividir tudo, fiquei com o nome da banda Sport Press e o nome beijo na boca foi para ele, por isso, tive que criar um novo nome, lancei o trio com o nome Transa e Beijo, uma pessoa de Brasília/DF, ao ver o trio, gostou, eu mesmo fui levar o trio em  dirigindo até Brasília, vendi, disse para mim mesmo que não ia mais ficar mais com o trio. Ao retornar a Bahia, fui ao Tapajós, onde fabricava trio elétrico, eles tinham uma carroceria pronta, aquela de Maria Fumaça, eu comprei, fiz uma campanha política para o atual senador Coronel (PSD), tinha uma carroceria jogada lá dentro da  sua fábrica de adubo, o chamei, e montamos uma sociedade, ele era candidato a prefeito em Coração de Maria/BA, eu ficava com trio, trabalhando por fora e no seu comício eu ia lá e fazia. Quando comprei essa outra carroceria e montei, pensei: e o nome? Me lembrei de quando estava tocando em Candeal, com o trio Beijo na Boca, o gerador era antigo e fazia muita fumaça, estava tocando bem em frente a um hotel, quando uma senhora e duas irmãs disseram: isso é um trio elétrico ou uma Maria Fumaça? Montei o trio elétrico com um gerador novo. Pensei, o nome é esse, fiz uma votação entre amigos, todos aprovaram o nome, tanto é que foi sugestivo demais, o nome Maria Fumaça". 

O trio era uma atração à parte

"Chegava do Carnaval na quinta, terminando o carnaval na terça, dependendo da distância, no domingo, já estava lançando os gritos de Micareta, com Flamário Mendes, Sistema Nordeste de Comunicação, quem deu todo o apoio, tudo era através dele, a Rádio Sociedade me deu quatro títulos de melhor da Micareta, tenho esses troféus que me foram entregues por Jair Cesarinho, os gritos de Micareta. Todo domingo, o vendedor de amendoim, a cerveja no isopor, o espetinhos, o acarajé, chegavam na segunda com dinheiro para fazer a feira, isso a custo zero, ninguém nunca me pagou um centavo, meus músicos recebiam salário, eram funcionários da empresa, tocando ou não, recebia do mesmo jeito, os gastos eram custeados por patrocinadores, de um posto de combustíveis, que me fornecia o combustível, alimentação obtive através de uma companhia de seguros, arrumei mais patrocínios, cansei de chegar ali na rotatória proximo ao Ana Müller, onde hoje é a praça de alimentação, quando fazia uma coisa assim tinha uma rotatória ali sim é que hoje é a placa de alimentação, fazia o retorno  para subir, por causa da igreja, pediram para não ir lá por causa da Quaresma, eu retornava empurrando um pouco com o para-choque do caminhão, tinha um mar de gente, aquela região toda até o Limão Drinks, chegou um tempo que nem fazia mais propaganda, bastava chegar, ligava o trio, começava a testar, o público logo se aglomerava. O público era fiel, não tinha ninguém que tirasse o nosso público". 

Por quantos anos a banda Sport Press e o trio Maria Fumaça existiram?

"A banda Sport Press começou em 1978 e terminou em 2002, o trio  Maria Fumaça começou em 1989 e ficou até 2005, ocorreu um acidente onde foi o final da história, também sai  velho, eu quye diz sempre que so trabalharia até os 45, parei aos 40, para quê mais eu quero, meus filhos já criados, tenho minha casa para morar, não devo a ninguém, quero mais trabalhar para quê? Estou aposentado, graças a Deus". 

Nunca recebi apoio da Prefeitura de Feira

"Fiquei com trio elétrico fazendo o grito de Micareta, mudaram o nome para Esquenta. O pessoal quando vinha para a rua já não chegava com aquela violência toda, porque as apresentações ocorriam aos domingos na rua. A Prefeitura nunca nos patrocinou para a Micareta de Feira, houve época em que paguei para tocar, eles não davam nada a ninguém, musicalmente não, existem artistas feirenses que não vão para lugar nenhum, vários nomes que ficaram na mesmice o tempo todo. A minha maior raiva é que achei um convite na época, antes de ter o trio, para ir a Salvador, puxar blocos, não aceitei,  porque acreditava que tinha de levar o nome da minha cidade, que nunca vestiu minha camisa".

Locais por onde se apresentou

"Nos apresentamos em vários lugares, como Poções, Vitória da Conquista, Itabaiana, Itabaianinha, Madre de Deus, ali toquei umas quatro vezes, lá não tinha carnaval, fomos nós que começamos, com a banda tocando no palco, depois botei o trio.Tiveram alguns anos, que fiz dois carnavais ao mesmo tempo, o trio estava em Itabaiana, a banda tocava,  saía de lá e ia para outro lugar.  O deslocamento era feito em um Monza e uma Kombi nova, eram somente os músicos, material de palco deixava lá no trio, em Serrinha toquei várias vezes, Santa Bárbara, Santo Estevão, Anguera, Ipirá, Baixa Grande, éramos queridos".

Não é ser exigente, é formação de cidadão

"Não me considerava exigente,na verdade o que tínhamos era uma empresa, a Rádio Sociedade não vai aceitar que você trabalhei com uma cerveja do lado e um litro de whisky do outro, de sandália, bermuda e camiseta? É um trabalho como outro qualquer, está ganhando para trabalhar, estou pagando o  músico para ele tocar, essa é a função dele, um músico meu jamais acenderia um cigarro em cima do palco, se quer fumar, na hora do intervalo, tudo bem, mas em cima do meu palco não, meus músicos são selecionados, fiz grandes pais de família, que hoje são todos cidadãos, porque era um regime, ensinei a ser gente, porque trazia jovens, a exemplo de um menino de Tucano, que tinha 16 anos, para tocar teclado, é o maior tecladista da região, hoje é evangélico, um ótimo tecladista, se chama Batista. Eu não me vejo como uma pessoa chata, era só cumprir regras da empresa, quando entrava, já deixava claro como as coisas funcionavam. O público paga o ingresso em um clube, sou artista, você está lá para me ver, porque se fosse apenas ouvir música, bastava chegar em seu aparelho de som, colocava um disco, a qualidade do disco ninguém tem numa banda, você  larga de ter o original para vir ao clube me ver aleijar a música cá fora e paga ainda, então, você merece respeito. Chamava um músico quando via um cara escorado numa mesa, bêbado, e dizia? Está vendo isso aí? Você tem que zelar, ele é seu patrão, ele pagou o ingresso para entrar e pagar seu salário, ele é seu patrão. Isso tudo é formação de cidadão, hoje isso não existe mais, hoje as pessoas querem bater e  chegar em casa com a cara inchada".

Momento marcante

"O auge do Maria Fumaça foi desde a sua montagem até o final, sempre tivemos nosso público, podia estar passando quem fosse do outro lado, a Micareta antes era na Getúlio Vargas, passava um trio pelo outro, hoje liga o trio de um lado e quando chega mais para baixo para, lá não, o trio subia e depois retornava, passava um trio pelo outro aquele som invadindo o outro, era uma guerra". 

Você acha que é possível a música voltar a ser como antes?

"Acredito que não, pois, quando é que vai surgir outro Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Asa de Águia, Cheiro de Amor? Essas bandas renomadas que estão aí até hoje fazendo sucesso até hoje, porque não apareceu mais ninguém para tomar o lugar. Hoje o trabalho é o cara descer na boquinha da garrafa e acha que que está matando a pau, a música não é isso".

 Assista a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.

Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão

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Railson Brandão Há 5 meses Feira de Santana Bahia A sport press e o Maria fumaça deixaram muitas saudades
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