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Feira de Santana Manifestação

"É uma dor imensa, que não desejo a ninguém" relatam pais em protestos contra normas de atendimento do HEC

Hospital Estadual da Criança

03/02/2024 11h17 Atualizada há 7 meses
Por: Hely Beltrão Fonte: Conectado News
Luiz Santos
Luiz Santos

Aconteceu na manhã deste sábado (3), em frente ao Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana, o protesto "Não aos 39º",  idealizado por Natália Bastos, mãe do pequeno Brayan Bastos Barreto, de apenas 1 ano e 3 meses, que faleceu no dia 26 de janeiro no Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana. O objetivo do protesto é por fim a norma do HEC, de não atender crianças com temperatura abaixo de 39º.

Ao Conectado News, o pai de Brayan, Luciano Góes Barreto, relata a dor que sentiu ao ver seu filho sem vida.

"Minha esposa possuía uma doença que dificultava a gravidez, nos conhecemos em 2010, tivemos Brayan após a cirurgia, que também não foi fácil, a partir daí foi muita felicidade, planejamos tudo por ele, nunca deixamos se machucar ou cair, ele era bem cuidado, apesar de ter apenas 1 ano e 3 meses viveu muita coisa conosco, as pessoas podem conhecê-lo através do Instagram Brayan Bastos Barreto, que vejam o quão ele era amado e amoroso. A nossa intenção com esse movimento é lutar por todas as crianças e em prol do meu filho, que não foi bem atendido no HEC, queremos mudança, houve uma omissão de socorro, negligência, depois da negativa do atendimento no HEC, fomos a UPA, que mandou Brayan de volta para o HEC, foi doloroso quando entramos na sala, ver meu filho com o nariz e boca escorrendo sangue, um vaso com mais ou menos 200 ml de sangue, eu tenho guardada a camisa usada por meu filho com sangue ao pegar meu filho".

O caso do pequeno Brayan não é o único. Durante a produção desta reportagem, outros pais que estavam no protesto, relataram ter perdido seus filhos por conta do mau atendimento no Hospital, como relatam o casal Maria Jesus dos Santos e Alexandre Vieira Freire. Segundo eles, após o parto de uma criança saudável, foi relatado pela equipe médica que a criança tinha um problema no coração, o que descordam, uma vez que nada foi diagnosticado nos exames pré e pós parto.

Alexandre Vieira Freire - "Minha esposa deu entrada no dia 9 de outubro/23, de lá para cá foi um tormento em nossas vidas, a nossa filha, Maria Valentina, que tanto esperamos, fizeram de tudo para tirar a vida dela. No dia 9 de outubro minha esposa deu entrada para fazer a cesárea, começaram a induzir o parto dela no dia 9. No dia 11, às 12:54h, minha filha nasceu com 3,3 kg, uma criança grande e forte, imediatamente disseram que ela tinha um problema no coração, levaram para a sala de ventilação".

Maria Jesus dos Santos - "Todos os exames foram feitos, está tudo bem com o coração da minha filha, se tivesse algum problema, seria mostrado através da morfológica, como é que minha filha tem problema de coração, se tenho todos os exames dando ok, dois exames feitos no HEC e os outros fora, mas nenhum deles acusou problema, minha gestação foi normal, o único problema que tenho é relativo a pressão, eles que mataram minha filha". 

Alexandre Vieira Freire - "Viemos buscar o laudo médico, mas não estão entregando, já passei por e-mail, número de contato, mas até agora nada, dia 9 completa-se 04 meses dessa situação. Temos uma outra filha de 15 anos em casa, que está abalada, mas conforta a mãe, estou sendo muito forte para cuidar da minha esposa durante esse tempo, ela está tomando medicação para dormir, por que volta e meia ela surta dentro de casa, querendo sair, ir embora, chorando pela perda da filha, foi brayan, Maria Valentina e pode acontecer com outras, se não forem tomadas medidas".

Maria Jesus dos Santos -  "O que passamos, não desejamos a ninguém, é uma dor imensa", disse.

João Moreira, 31 anos, é pai de uma criança de 3 meses que está internada no HEC e reclama do atendimento prestado à sua filha, Cecília Moreira de Souza.

"Minha filha nasceu no dia 30 de outubro de 2023, os médicos a diagnosticaram com Laringomalácia (é uma anomalia congênita da cartilagem da laringe que predispõe ao colapso supraglótico dinâmico durante a fase inspiratória da respiração, resultando em obstrução intermitente das vias aéreas superiores e estridor),  recebeu alta com 28 dias, fomos para casa, e após 25 dias Cecília não conseguiu ganhar peso, na revisão,  minha filha voltou a ficar internada, há 33 dias não temos decisão de nada, passa um otorrino, fonoaudióloga, uns dizem que precisa fazer cirurgia, outros não, mas até o momento não resolveu nada. Nos disseram que o hospital não tem o aparelho que possa fazer a cirurgia devido o peso dela, atualmente está com 3,100 kg, queremos uma solução, a transferir para um outro lugar alguma coisa desse tipo", disse.

Raquel da Conceição Deirò, mãe de uma criança Epilepsia Focal de Difícil Controle (Considera-se epilepsia de difícil controle quando o tratamento com pelo menos duas medicações antiepilépticas (adequadas para o tipo de crise e em doses terapêuticas) não forneceu controle satisfatório das crises epilépticas, ainda que utilizadas por tempo adequado para determinar a sua eficácia) prestou apoio a família de Brayan e também reclamou do atendimento prestado pelo Hospital.

"Vim pedir para que mude esse critério de apenas atender crianças com 39º graus de febre. Meu filho foi diagnosticado em 2018 com crises de epilepsia focal de difícil controle, faz uso de 4 medicamentos e tem um cisto no parietal direito, se meu filho não chegar morrendo, tendo crise, eles não atendem, se chegar com 38.7 ou 38.5 eles mandam para a UPA, isso é um absurdo, sendo que já há todo um critério e  um relatório do meu filho, isso tem que mudar", concluiu.

Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão 

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