"Maria Joaquina de Amaral Pereira Góes, você contriboe para o meu viver". Se você nasceu na década de 90, mesmo que não seja um fã de Axé Music com certeza lembra desse grande sucesso. Em entrevista ao Conectado News, o ex-vocalista da Banda Pimenta Nativa, Sergynho Pimenta, conta um pouco sobre sua carreira musical, preparativos para o Carnaval 2023 e afirma existir uma "panela" no mercado musical baiano que impede o surgimento de novos talentos.
"Há algum tempo fazemos um Carnaval muito forte aqui no Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, já estou me preparando, assumindo compromissos, esperando o Carnaval que começa na sexta-feira (17) e só termina na quarta-feira de cinzas".
Sergynho explica porque parou sua carreira musical que estava em plena ascensão.
"Quando eu sai da Pimenta Nativa, me afastei muito por causa do problema de saúde da minha esposa, depois retomei, só fazendo Carnaval, hoje vemos as grandes bandas de Salvador tocando fora, porque hoje o Carnaval é globalizado, muitas cidades fazem carnavais maravilhosos, em Natal no Rio Grande do Norte, teremos dois shows no domingo de Carnaval, em dois polos diferentes. Em muitas cidades se vê carnavais fantásticos, sem confusão, briga nenhuma, família com criança no ombro, coisa que em Salvador acontecia, mas, infelizmente, as pessoas estão um pouco assustadas e evitam, isso vemos aqui de forma linda, porque não tem bloco, corda, é só o povo e o trio elétrico como um dia já foi Salvador", contou.
Para o músico, atualmente existe uma "panela" que impede o surgimento de novos talentos na música baiana.
"O nome disso é panela, quem não faz parte da panela, não respira, infelizmente é assim que se toca, evita, monopoliza e faz acontecer para quem está dentro, quem está de fora incomoda, e quando incomoda, deixa de lado, infelizmente será difícil mudar esse cenário, porque você hoje tem uma concorrência desleal de outros ritmos musicais que estão dentro do nosso carnaval, porque essa própria panela trouxe para dentro, mas ela não limita a entrada de artistas do mesmo segmento, não consigo entender, sinceramente, desse jeito, como ocorrerá a mudança, se ela não é permitida? Quando fiz o rapel na Pimenta incomodei tanto que tive dificuldades, porque disseram que atrapalhava, pelo contrário, isso fez o nome crescer, fortalecer e isso incomoda, mas infelizmente a musicalidade vai atrás. Hoje temos o pagode em destaque porque “comeu pelas beiradas” não esperavam que chegasse longe, porque não fazia parte da panela. Eles não têm interesse em um surgimento porque são os donos da panela, eles não precisam, não tem necessidade, não se importam com o que os outros sentem, porque eles têm uma boa agenda, quantidade de shows que agrada, um bom ganho, por isso não estão preocupados", afirmou.
Início de carreira
"Saí de Cruz das Almas/BA e nunca imaginei me tornar cantor, isso é fato, minha família não tinha artista e em seis meses, Deus abençoou ao me colocar em cima de um trio elétrico no carnaval de Salvador em 1988, de lá para cá, ficamos um ano com o Caramelo, depois no Papa-Léguas, gravei a música “me sinto só”, que fez muito sucesso, em seguida fui para o Cheiro de Amor, onde fiquei 10 meses, depois passei 10 anos no Pimenta Nativa, em 2007 minha esposa teve um problema de saúde e em função disso precisei me afastar. Atualmente tivemos uma participação no CarNatal (Carnaval de Natal, capital do Rio Grande do Norte) viemos apenas ajudar na cobertura da TV Record, mas todos os artistas me homenagearam, Ivete me chamou para cima do trio e isso me deu um impulso, me fortaleceu bastante aqui na região, e sigo trabalhando aqui, onde sempre toquei, há muitos anos faço o Carnaval por aqui e farei mais com a graça de Deus".
CN - Em meio a tantos nomes de peso, entre eles o seu, quem é o melhor puxador de trio elétrico?
Sergynho Pimenta - Fico muito lisonjeado com esse título, em Salvador, ganhei cinco vezes o troféu Dodô e Osmar, em Aracaju, falaram que não iriam mais premiar, porque não tinha mais graça, ganhei uma em Natal que considero um dos mais valiosos, não desmerecendo os outros, mas em Natal eles distribuíram um papel para as pessoas preencherem o que achava de cada atração durante o percurso inteiro, não só no camarote e eu fui escolhido. Procurei me especializar nisso, sempre tive um trabalho muito forte em trio elétrico e isso repercutiu, resultou nos blocos, me sinto lisonjeado por dividir, porque Bel para mim, é uma sumidade, fico feliz de ter o trabalho reconhecido por uma galera que curtiu, a geração atual ainda não conhece, mas quem sabe, onde tiver oportunidade, vamos chegando.
Maria Joaquina com certeza é um sucesso que está no coração de todos. Sergynho conta que resolveu apostar na música, mesmo contra vontade da gravadora.
"Essa música chegou por acaso em forma de samba reggae, na época fiquei encantado com a música, não era música de trabalho, a gravadora não acreditava nela. Falei comigo mesmo: está bem, eu vou tocar e trabalhar essa música no show e mostrar que a música é essa. Tocamos Maria Joaquina pela primeira vez em Natal, faltando 15 dias para o Carnatal, foi um grande sucesso, depois, soltamos em Aracaju, no Pré-Caju, em 19 de janeiro, onde a música já era sucesso e em Salvador da mesma forma. Ela não foi considerada a música do carnaval no ano de sua divulgação exatamente por isso, porque não foi a música do verão trabalhada como sempre, antigamente quando não tínhamos redes sociais, era no rádio que fazíamos o trabalho a partir de setembro, para fazer com que pudesse ser a música do carnaval, ela não foi por causa disso, porque no Carnatal tocou 15 dias, no Pré-Caju um mês e em Salvador somente em Janeiro, ela chegou bem no carnaval de Salvador porque era uma música fora da panela", disse.
Infelizmente, o músico não se apresentará no Carnaval deste ano em Salvador, mas tem uma agenda cheia pelo Nordeste.
"Não estarei em Salvador este ano, estarei em uma cidade chamada Goianinha/RN na sexta-feira, cidade próxima a Natal, sábado na praia de Pirangi, praia de Natal, no domingo faço dois shows em Natal, na segunda estarei no Conde na Paraíba e na terça-feira vou para Jaguaruana, no Ceará, finalizou.
Ouça na íntegra.
Reportagem: Luiz Santos e Hely Beltrão
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