O câncer de próstata pode ser um diagnóstico assustador, trazer à tona medos e inseguranças e por isso existe uma preocupação com o estado emocional e psicológico dos pacientes diagnosticados com a doença. Todavia, o psicólogo Graciliano Martins alertou, em entrevista ao Programa Levante a Voz, da Rádio Sociedade News FM, que o diagnóstico do câncer de próstata não gera depressão, mas pode ser fator desencadeante da doença pré-existente.
“Com certeza a informação desse diagnóstico vai mexer com a maior parte do público que sofre desse diagnóstico, pode mexer e influenciar nas emoções. Pode mexer com o equilíbrio emocional e psicológico do paciente? Pode. Pessoas que tem autoestima baixa, problemas psicológicos e outros, um diagnóstico deve agravar ainda mais. Isso abrange uma boa parte do público masculino, mas não diz respeito a todos. Vale ressaltar que nenhuma das ciências que estuda o comportamento humano é considerada exata, portanto, não temos uma resposta que caiba para todo mundo, mas a maioria vai sim ter seu equilíbrio psicológico e sua autoestima mexida e varia de pessoa para pessoa a partir da sua capacidade de resiliência diante de tal diagnóstico.
“É bom sabermos que a depressão não é um estado psicológico, emocional, é uma doença prevista pela CID 10, portanto quem tem essa doença, o diagnóstico de um câncer de próstata pode ser um fator desencadeador da doença já existente, ou pré-existente. Não será o diagnóstico que vai gerar essa depressão, a prova disso é que vários pacientes com câncer de próstata não desenvolvem a depressão, então não podemos atribuir ao diagnóstico a enfermidade, estou falando da depressão. Porém, pessoas que já possuem depressão, autoestima baixa diante de tal diagnóstico, isso pode se agravar, pessoas que têm depressão, possuem resiliência baixa e é possível esse paciente sofra mais do que um outro que não tenha o diagnóstico da depressão”, completou.
A retomada da rotina após o tratamento do câncer de próstata pode gerar insegurança em alguns pacientes, inclusive na construção de novas relações ou referente a sua própria virilidade, e por isso o acompanhamento psicológico é importante para que este paciente tenha qualidade de vida após o tratamento. “Por se tratar de uma doença tipicamente ameaçadora, independentemente dos procedimentos é possível que o sujeito desenvolva um certo grau de insegurança. Ao enfrentar as dificuldades com relação a virilidade, caso elas venham a aparecer, a melhor resposta para essa questão é recomendar a psicoterapia. Essa resposta não vem como um conselho ou uma receita, faça isso ou aquilo que está tudo bem, vai ter que fazer terapia, e isso varia de paciente para paciente. Há pacientes que já sofrem de impotência sexual, sem esse diagnóstico, outros em que seu nível de libido é baixo antes da descoberta da doença, e um diagnóstico desse pode comprometer mais ainda. Desde que não exista nenhum comprometimento físico, que foge ao meu saber, do ponto de vista psicológico, obviamente existirá solução desde que o paciente se submeta a uma psicoterapia, é um tratamento que pode ser demorado ou rápido, só dependerá das condições intrínsecas do paciente. A resposta que eu posso dar para essa questão é que todo paciente que venha passar por essa experiência de uma intervenção cirúrgica ou de um outro procedimento clínico, médico que eu não saberia explicar, pois foge da minha esfera de atuação, como consequência psicológica essa questão deve ser tratada a partir de procedimentos psicoterápicos que o tempo como resposta vai variar de paciente para paciente, mas todos deveriam ser submetidos à intervenção psicológica desde o início, do diagnóstico, durante o processo e depois dele, para que pudéssemos obter os resultados esperados.”, explicou.
Para o Dr. Graciliano, o ideal é que o acompanhamento psicológico ocorra desde o primeiro momento para que o paciente possa ter um auxílio para manter o equilíbrio emocional. Além disso, o psicólogo indicou que os pacientes procurem realizar os exames para o rastreamento da doença a partir dos 45 anos. “O ideal é primeiro ouvir o seu médico, compreender a doença (câncer de próstata), saber o que a medicina pode prometer em termos de recuperação da saúde e a partir daí trabalhar qualquer desdobramento psíquico que venha a resultar nisso como sintoma de um problema psicológico, nesse caso é necessário a psicoterapia. O câncer de próstata é tratável, não é o fim da vida, graças a Deus, mas o ideal nesse momento é alertar ao público masculino a partir dos 45 anos a fazer os exames preventivos, porque as chances de recuperação, é importante que esse diagnóstico seja o mais precoce possível. É importante que se faça a profilaxia, a preocupação com a terapia é extremamente importante, necessária, agora mais que ela é a prevenção, portanto é importante que os homens que ainda não têm esse diagnóstico façam seus exames preventivos regularmente de acordo com a recomendação médica a fim de se prevenir uma situação talvez mais complicada, em que os resultados sejam menos esperançosos. Fica o meu alerta no que diz respeito aos procedimentos preventivos. Todo mundo sabe que é melhor prevenir do que remediar, portanto, os exames precisam ser feitos dentro da regularidade que os profissionais da área recomendam, é melhor do que esperar que algum prejuízo aconteça para correr atrás da solução. Quem porventura esteja vivenciando a experiência de um diagnóstico não precisa perder a calma, a paz, busque ajuda dos profissionais, e se precisar, busque a intervenção psicológica, pois é um momento em que você precisa de autocontrole e autoestima equilibrada, domínio próprio, sobretudo boa vontade para se cuidar, e nesse ponto você deve procurar um profissional da sua confiança e iniciar com urgência uma psicoterapia.”, concluiu.
Reportagem: Jéssica Campos
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