A nutrição pode ser uma importante aliada para a prevenção de doenças. Em entrevista ao Programa Levante a Voz, da Rádio Sociedade News FM, a nutricionista Maiana Prado afirmou que uma alimentação variada pode trazer uma gama de benefícios a saúde de modo geral.
“Quando pensamos em prevenção de patologia, de condição clínica que venha comprometer a saúde, pensamos imediatamente em uma alimentação equilibrada, anti-inflamatória e antioxidante, o que não é diferente no caso da prevenção do câncer de próstata. Costumo dizer que uma alimentação rica é uma variada em nutrientes, quanto mais alimentos com cores diferentes, com grupos alimentares diferentes, frutas, verduras, vegetais em geral, carnes, hortaliças, uma alimentação rica em nutrientes e isso não deve ser feito em apenas uma refeição ao longo do dia. Quanto mais alimentos naturais você consumir, mais rico em valor nutricional será e isso a longo prazo trará benefícios anti-inflamatórios, antioxidantes. Acreditar no poder dos alimentos é muito importante, pois eles agirão de forma específica no seu organismo, seja uma vitamina para melhorar a inflamação ou um mineral para estimular o sistema imunológico, potencializar a nossa saúde com alimentação é imprescindível”, afirmou.
Ainda segundo a nutricionista, alguns alimentos como ervas e sementes podem reduzir sintomas do câncer. “As pessoas taxam alguns alimentos como milagrosos e curativos, mas precisamos entender que a alimentação é individualizada, por mais que exista um diagnóstico específico a conduta nutricional muda conforme o indivíduo. Alguns alimentos dizem ter o poder de curar o câncer, como graviola, urtiga, semente de abóbora, mas esses alimentos específicos não têm o poder de cura, até porque um paciente oncológico precisa de um tratamento, seja farmacológico, quimioterapia ou radioterapia. A alimentação de forma isolada, quando já existe um diagnóstico, não é a única forma de tratamento, mas pode minimizar sintomas, sinais e fazer com que o paciente tenha uma longevidade, uma expectativa de vida maior, melhorando a qualidade da alimentação”, explicou.
Apesar dos benefícios que podem ser obtidos desses alimentos, Maiana pediu cautela. “Quando falamos de urtiga branca, do qual pode ser feito o chá, está relacionada com a saúde da próstata, porque diminui o inchaço da próstata nos casos de prostatite (Inflamação ou inchaço da próstata), em casos de hiperplasia benigna de próstata, que é o aumento da glândula da próstata, vai minimizar os sintomas, mas não necessariamente curar ou tratar um câncer de próstata, assim acontece também com óleo de semente de abóbora. Não existe um alimento isolado que venha trazer uma cura específica para o câncer, precisamos entender que é individualizado, e que por mais que sejam ervas, plantas medicinais, é preciso ter cautela de consumo e na indicação, porque existem contraindicações. Por exemplo, em pacientes com alterações hepáticas, câncer hepático, é necessário restrição, controle maior com o uso de ervas para não causar alterações no fígado. Todas essas ervas, são riquíssimas em fitoquímica, em propriedades anticancerígenas, porque têm um valor nutricional muito bom, anti-inflamatório, mas precisa ser orientada com cautela para evitar que tenha toxidade e que o paciente venha a ter algumas alterações”.
A nutricionista alertou para os riscos do consumo indiscriminado de certos alimentos. “Existem vários riscos quando falamos do uso exclusivo de chás ou de um alimento específico para curar uma patologia ou para fazer o tratamento de um paciente oncológico. Por mais que a alimentação seja muito positiva para minimizar sintomas, efeitos de um tratamento quimioterápico, radioterapia, precisamos entender que a nutrição vai melhorar, evitar a progressão da doença, mas não existe um único alimento que tenha essa função de cura. O tratamento farmacológico, quimioterápico, radioterápico é muito importante, o médico trabalhará em parceria com o nutricionista pensando no benefício do paciente. Não é porque são plantas medicinais que terão efeitos positivos para todo e qualquer paciente. Em alguns casos existe contraindicação, principalmente para pacientes que têm alguma alteração no fígado, alguma doença hepática, e isso precisa ser controlado, por isso toda a avaliação clínica do paciente deve ser individualizada para que se evite complicações. A alimentação será sempre positiva, buscando minimizar sintomas, potencializar o tratamento, mas não pode ser feita de forma exclusiva e nenhum alimento tem esse poder exclusivo de cura do câncer de próstata”.
O câncer de próstata pode ter uma ligação direta com hormônios como a testosterona e alguns podem atribuir aos alimentos o poder de promover alterações nesses hormônios. “Quando se fala de reposição hormonal, de desordem hormonal a ser avaliada em exames bioquímicos, precisamos entender dose, frequência, há quanto tempo, como está sendo o tratamento, para que seja estabelecida condutas individualizadas, não existe um alimento específico para promover a alteração de hormônio”.
Maiana também alertou que o acompanhamento com especialistas pode conduzir o paciente a descobrir a causa dos sintomas e evitar a progressão de doenças. “Dentro de um acompanhamento nutricional qual é a principal função do nutricionista? Te escutar para entender qual é a sua necessidade, e a partir daí, estabelecer estratégias nutricionais. Se um paciente, se queixa sempre de enxaqueca, desconforto gástrico, infecções frequentes, candidíase, o que está causando isso? A alimentação tem um poder de minimizar esses sintomas, evitar que você viva com esses sintomas recorrentes. Costumo dizer que o nosso corpo manifesta sintomas, fala e a partir do momento que o nosso corpo está falando, precisamos escutar. Pode ser comum pessoas com enxaqueca, mas não é normal, precisamos entender o que está causando isso. É comum uma queda de cabelo em mulheres, dermatite, mas por quê? O que está causando isso? Precisamos buscar a causa para prevenir algumas manifestações clínicas. Simples sintomas que você toma um medicamento e alivia de forma momentânea, a longo prazo pode causar uma inflamação maior ou levar a outras patologias.”, concluiu.
Reportagem: Jéssica Campos
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