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Bahia tem mais de 60 Comunidades Quilombolas atingidas pelas enchentes

Levantamento do Movimento Estadual das Comunidades Quilombolas da Bahia

24/06/2022 12h02 Atualizada há 2 anos
Por: Ana Meire Fonte: Conectado News
Fotos Janaina Nery
Fotos Janaina Nery

 

Os prejuízos da enchente que assolou a Bahia em dezembro de 2021 já somam mais de R$5 milhões, em perdas na lavoura, de animais e moradias nas comunidades quilombolas espalhadas pelo Estado. As fortes chuvas foram causadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), mas o desmatamento de mata ciliar, bem como assoreamento de riachos e rios podem ter agravado tragédia. A “Suíça baiana”, virou “Veneza”, Vitória da Conquista registrou maior número de comunidades quilombolas atingidas pela enchente, todas localizadas na zona rural, sendo 14 ao todo.

De acordo o levantamento do Movimento Estadual das Comunidades Quilombolas da Bahia (Cenaq) e da Secretaria Estadual de Relações Institucionais (Serin), cerca de 63 comunidades foram atingidas direta ou indiretamente pela enchente. Dentre os 27 municípios destacam-se: Bom Jesus da Lapa, Palmas de Monte Alto, Simões Filho, Ibipeba, Vitória da Conquista, Serra do Ramalho, Anagé e Itacaré.

Claudenice dos Santos, quilombola do Boqueirão, em Vitória da Conquista, viu sua plantação de milho e feijão ir por “água abaixo”. O desespero foi ainda maior, pois o marido, Joel, na época, tinha sofrido o segundo  Acidente Vascular Cerebral (AVC). Celeste precisou contar com ajuda de vizinhos para salvar a casa. A Defesa Civil do Município esteve no local, alertou sobre o risco de desabamento, mas não adotaram medidas emergenciais para segurança da família.

Histórias como de Claudenice ecoam pelo País. O nordeste brasileiro é uma das regiões do Planeta mais vulneráveis às mudanças climáticas. As fortes chuvas na Bahia ativaram o alerta para a emergência climática, pois os locais mais atingidos foram áreas da zona rural. É preciso considerar a vulnerabilidade, agravada pela ação humana com assoreamento dos rios, perda de vegetação que segura o solo das matas ciliares que protegem as margens fluviais. Nas cidades, os alagamentos são agravados pela impermeabilização do solo e canalização de rios e canais que impedem a absorção da água. Na COP 26, o Governo Federal se comprometeu a reduzir 50% das emissões dos gases de efeito estufa da atmosfera até 2030. Mas, na contramão o desmatamento aumentou vertiginosamente no Brasil.

“A atmosfera mais quente é capaz de armazenar mais vapor d'água, para chegar ao ponto de saturação, mais água precisa ser retirada da superfície via evaporação ou evapotranspiração. Isso agrava as condições de estiagem com o prolongamento dos períodos de seca. Do outro lado, uma vez a atmosfera mais ’saturada‘, têm-se mais vapor d'água para se condensar, produzindo chuvas mais intensas e bastante concentradas”, explicou Alexandre Costa, físico com doutorado em Ciências Atmosféricas pela Universidade do Estado do Colorado e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece). A ausência de vegetação para proteger o solo e as nascentes aumenta o risco de enchentes cada vez mais devastadoras.

No Quilombo Barreiro do Rio Pardo, também em Vitória da Conquista, famílias tiveram que sair às pressas de suas casas utilizando helicóptero, por conta do aumento do nível do Rio Pardo, devido à abertura das comportas da Barragem Machado Mineiro, em Minas Gerais. O quilombola Pedro Vieira dos Santos 50 anos, ribeirinho nascido e criado no quilombo, presenciou as águas do rio inundarem sua plantação de milho, feijão, banana e hortaliça, totalizando um prejuízo de mais de 10 mil reais. Sem alimentos e sem renda, ele precisou se reinventar, e hoje, as águas do rio são utilizadas na irrigação da roça, agora, a alguns metros de distância das margens.

A titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), Ana Claudia Passos indagada sobre projetos para recuperação de matas ciliares, informou que o município não tem nenhum projeto de reflorestamento na zona rural ou campanhas de educação ambiental junto às comunidades quilombolas. 

 Depoimento

“Na véspera de Natal, dia 24, eu, meu marido e dois filhos tivemos que ir para casa dos meus pais buscar abrigo. Minha produção de bolos caseiros estava em risco, a água nas estradas me impediu de entregar às encomendas. E, infelizmente, o pior estava por vir: a água levou parte da minha casa, indo junto à cozinha de adobe e minha fonte de renda. Agora, nesse São João, aqui na Comunidade, ganhamos gás de cozinha da ação social (Brasil Sem Fome) e espero tirar um dinheirinho com a venda dos meus bolos, para tentar reconstruir meu lar", disse Luciana Rosa, do Quilombo do Boqueirão, em Vitória da Conquista (BA)

Confira a lista das comunidades quilombolas atingidas

MUNCÍPIOS

COMUNIDADES QUILOMBOLAS

ANAGÉ

ÁGUA DOCE

ANAGÉ

MANDACARU

ANAGÉ

TORTA DOS PRETOS E LAGOINHA

BELO CAMPO

BOMBA

BOM JESUS DA SERRA

MUNBUCA

BOM JESUS DA LAPA

LAGOA DO PEIXE

BOM JESUS DA LAPA

ARAÇA CARIACÁ

BOM JESUS DA LAPA

BEBEDOURO

BOM JESUS DA LAPA

RIO DAS RÃS

BOM JESUS DA LAPA

NOVA BATALHINHA

CAETITÉ

SAMBAÍBA E MATA DO SAPÊ

CAMPO FORMOSO

LAGE DOS NEGROS

CONTENDAS DO SINCORÁ

SÃO GONÇALO

ENCRUZILHADA

BREJINHOS

ÉRICO CARDOSO

PARAMIRIM DAS CRIOULAS

IBIASSUCÊ

SANTO INÁCIO

IBIPEBA

SERRA GRANDE

IBIPEBA

SALVA VIDAS

IBIPEBA

OLHO D’ÁGUA DO BADU

IBITITÁ

CANOÃO

ITACARÉ

SANTO AMARO

ITACARÉ

JOÃO RODRIGUES

MALHADA

TOMÉ NUNES

MALHADA

PARATECA E PAU D’ARCO

MUQUEM DE SÃO FRANSCISCO

FAZENDA GRANDE

NOVA CANAÃ

LAGOINHA

PALMAS DE MONTE ALTO

BARRA E JUAZEIRINHO

PALMAS DE MONTE ALTO

EMPOEIRA

PALMAS DE MONTE ALTO

LAGOA SECA

PALMAS DE MONTE ALTO

RANCHO DAS MÃES

PALMAS DE MONTE ALTO

ANGICO

PALMAS DE MONTE ALTO

AROEIRA,TOQUINHA E BRASILEIRA

PALMAS DE MONTE ALTO

MARI

PALMAS DE MONTE ALTO

VARGEM CUMPRIDA

PALMAS DE MONTE ALTO

CEDRO,CURRAL NOVO E SITIO CANJIRANA

PALMAS DE MONTE ALTO

JUREMA

PALMAS DE MONTE ALTO

VARGEM ALTA

PALMAS DE MONTE ALTO

LEÃO

PIRIPÁ

LAJINHAS

RIBEIRÃO DO LARGO

THIAGOS

RIACHO DE SANTANA

PAUS PRETOS DE VESPERINA

RIACHO DE SANTANA

AGRESTE

RIO DE CONTAS

BARRA, BANANAL E RIACHO DAS PEDRAS

SERRA DO RAMALHO

BARREIRO GRANDE, ÁGUA FRIA E PAMBU

SIMÕES FILHO

RIOS DOS MACACOS

TREMEDAL

QUENTA SOL

VITÓRIA DA CONQUISTA

BARREIRO DO RIO PARDO

VITÓRIA DA CONQUISTA

BOQUEIRÃO

VITÓRIA DA CONQUISTA

BAIXA SECA

VITÓRIA DA CONQUISTA

LAGOA DE MELQUIADES

VITÓRIA DA CONQUISTA

RIBEIRÃO DOS PANELEIROS

VITÓRIA DA CONQUISTA

CACHOEIRA DOS ARAÇAS

VITÓRIA DA CONQUISTA

CORTA LOTE

VITÓRIA DA CONQUISTA

FURADINHO

VITÓRIA DA CONQUISTA

LAMARÃO

VITÓRIA DA CONQUISTA

SÃO JOAQUIM DE PAULO

VITÓRIA DA CONQUISTA

SINZOCA

VITÓRIA DA CONQUISTA

VELAME

VITÓRIA DA CONQUISTA

LARANJEIRAS

VITÓRIA DA CONQUISTA

CACHOEIRA DO RIO PARDO

WANDERLEY

SACUTIABA

WENCESLAU GUIMARÃES

RIO PRETO

XIQUE XIQUE

XAMPRONA

 

 

 

 Reportagem Janaina Nery

 

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