Denúncia: retirada irregular de árvores preocupa especialistas em Feira de Santana
A retirada de árvores em diferentes bairros de Feira de Santana tem gerado preocupação entre moradores e especialistas. Segundo denúncias feitas à reportagem, moradores e até estabelecimentos comerciais estariam removendo árvores sem autorização ambiental — prática considerada crime pela legislação brasileira.
Para compreender o impacto dessa situação, ouvimos o ambientalista João Dias, que alerta para o grave déficit de arborização do município e a necessidade de rigor na fiscalização.
De acordo com João Dias, a arborização urbana é um dos pontos centrais das discussões internacionais sobre clima, incluindo a COP30, que se baseia em três eixos: mitigação, adaptação e financiamento. Dentro do eixo de mitigação, o plantio e a preservação de árvores estão entre as principais medidas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas.
O ambientalista lembra que a ONU recomenda pelo menos três árvores por habitante para garantir conforto térmico adequado.
“Feira de Santana tem cerca de 600 mil habitantes. De acordo com essa recomendação, precisaríamos ter aproximadamente 1,8 milhão de árvores”, explica.
No entanto, um dado repassado a ele pela Diretoria de Áreas Verdes da SESP em 2019 mostrava que a cidade possuía apenas 105 mil árvores catalogadas.
“Temos um déficit gigantesco”, reforça. “Por isso pedimos que a população plante árvores, mas sempre com orientação técnica.”
João Dias destaca que qualquer remoção de árvore na zona urbana depende de autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMAM).
“A pessoa precisa encaminhar um ofício ao Departamento de Licenciamento e Fiscalização, endereçado à secretária Jaciara Moreira. Após isso, os fiscais irão ao local avaliar a situação da árvore. Só então a SEMMAM pode autorizar ou negar a retirada”, explica.
Quem descumpre essa regra está sujeito a penalidades legais.
“Se a pessoa retirar uma árvore sem autorização e for flagrada, ela responde por crime ambiental”, alerta o ambientalista.
Além da questão legal, João Dias reforça que o plantio de árvores também deve ser acompanhado por técnicos, já que algumas espécies podem causar danos às estruturas urbanas.
Ele explica que existem árvores de raízes pivotantes, que crescem para baixo em direção ao lençol freático — geralmente mais adequadas. Já as de raízes tabulares tendem a levantar calçadas, muros e pavimentos.
“O flamboiã, a amendoeira e o oitizeiro são exemplos de espécies que não devem ser plantadas em passeios públicos”, afirma. “Essas árvores precisam de orientação técnica e devem ser direcionadas para áreas mais amplas, como praças.”
A Secretaria de Meio Ambiente, segundo o ambientalista, depende da colaboração dos moradores para manter e ampliar a arborização do município.
“Nós contamos com o apoio da população. Manter as árvores é uma responsabilidade compartilhada”, conclui.




